domingo, 24 de maio de 2015

abisme-se

me lembro do dia em que fiquei brincando em um balanço sob o céu daquela cidade estrangeira, aquele estar era um afago no peito aberto.
me lembro da sensação de gangorra, sensação de voo, sensação de céu... coisa linda... me vinha um misto de melancolia e liberdade... vontade de nunca ser ave em gaiola... vontade de só ser!

de um voo em gangorra...
de um pulo no tempo e espaço: o sonho...
de vários voos sonhados em pulos...
vem disso e um tudo mais esse texto torto e sem gramática.

a verdade arde nos olhos e penetra na alma como água benta.
culta puta pura nua lua... luar: com a língua machuca e cura!


abismad@s, seguimos voando mar adentro.
me lembro do dia em que sonhei que me jogava de um penhasco e ao pé de chegar ao chão eu conseguia, enfim, voar... estranhamente, era um sonho azul.
me lembro de dizer que o azul é muito simbólico... tenho alguns escritos sobre abismo...
 
esse mergulho é raro! depois do mais profundo é o mar.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

At Last ou para falar de enloucrescimentos

Dessa vez decolei sozinha.
Alone... Não havia homens fartos nem mulheres pálidas ao meu lado.
Alone... Como na música, como na foto sobre as águas, como na saga de todo ser humano.
Diz o ditado que nascemos sozinhos e sozinhos morremos.
Dizem os meus pais que o mundo é grande e para o mundo me criaram.
Essa essência plantada em pé de vento é sina tal qual a solidão das mulheres.
Quando viajamos abrimos todos os olhares da alma, olhares outrora adormecidos.
Ah! Aretha nos rasga os olhares do corpo quando canta At Last e nos diz que a solidão se foi...
Enfim!
Viagens são grandes transmutações, o resto é conexão e sempre choro na partida.
Sou pura água mesmo sendo fogo amassado no barro.
Estar só nessa partida de Hartford à Atlanta é simbólico.
Há um bocado de inteireza na solidão. Estou repleta!
Ah! A música que vem dos negros também me fala dessas conexões.
O mundo é mesmo vasto e abissal.
Voltar de Berlim doeu como dar à luz, mas voltar de Hartford doeu como nascer, deram-me a luz...
Escancarar as retinas e se permitir ver o agora até que dói um tanto.
Há aí um muito a desnudar-se, muito a desdobrar-se...
De fato já li que isso é inerente à bandeira que a mulher carrega.
Sob o azul, entre.
Sobre a cidade esmaecida em tapete de nuvens, entre.
Entre o muito denominado céu!
Às vezes a vida precisa mesmo de um tempero dolorido para percebermos o doce que as ondas do mar carregam.
Sim, o mar é o chão enquanto decolo céu afora.  Quanto risco!
Because... Explicação não é palavra que pertence a este léxico.
Cara, vou te contar que Hartford é um afago e Nova York é um estrondo! O mais são as pessoas, os olhos de toda a gente, os desejos de toda a gente e os sorrisos...
Penso mesmo que colocar o pé no mundo é sina. Axé!
A felicidade mora mesmo é nas entrelinhas.
Quanta ironia eu ser alérgica à pimenta e à canela.
A vida é irônica quase sempre e meu coração é 100% contradição... Aceitar é crescer também.
Cara, vou te contar que ver os olhos mareados das pessoas mundo afora ultrapassa os muros da linguagem e das diferenças.
Em todo canto tem gente que pulsa, que se emociona e que mergulha.
O mais é o pôr-do-sol na estrada cortando muros pixados.
O mais é o pôr-do-sol na gangorra cortando árvores e céus.
O mais é o pôr-do-sol sentido da pequena janela do avião... Lá fora e aqui dentro: solidão e plenitude cortando a imensidão do azul.
Enfim...
Comi de todos os sinais que essa viagem me deu, estou nua e o que fica de fato são as conexões essenciais.
Botei pra fora um olhar menos preconceituoso, mais militante, menos idealista, mais sonhador, menos endurecido, mais corajoso, mais doce, mais avassalador.
Viajar é se reconectar com nossos próprios olhares.
O mais é tempo, música, poemas. Non, je ne regrette rien.
Prometo seguir cometendo erros, por vezes serão os mesmos, mas não vou mergulhar mais raso por isso.

E para arrematar esse texto passional, Cesaria canta Sodade derretendo meu peito dual enquanto pouso em terras brasileiras.